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Maçonaria no Feminino - Natália Correia

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Uma homenagem às Mulheres que pavimentaram o caminho maçónico da via feminina e da via mista

 

Natália Correia (1923-1993) foi uma escritora e poetisa portuguesa, nascida no arquipélago dos Açores. Deputada à Assembleia da República, interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. A sua obra estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, do teatro ao ensaio e colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. 

Natália Correia foi o prenúncio de uma nova alvorada e um grito de libertação, face a um mundo fechado sobre si próprio durante a ditadura. Não consta que tenha sido Maçom mas o seu nome surge como uma das vozes interventivas para a reintrodução da Maçonaria Mista e Feminina em Portugal. No seu decurso de motivação e frutuoso conhecimento, torna-se uma força vigorante e robusta que procura conciliar todos os elementos positivos e negativos que constroem o homem e a mulher. 

Distingue-se, essencialmente, pelo fomento do respeito e da fraternidade. As suas obras revelam a intenção e a importância superior de alcançar a harmonia de todos os elementos que integram o ser humano. Renegou a tecnologia e o curso económico desvirtuantes do carácter de cada um de nós, para prever o mundo ideal, se bem que utópico, onde a existência humana evoluia num crescendo de paz. Considerava que a universalidade focava-se num ponto específico: a alma.

Para Natália Correia, este polo veio caracterizar a ligação estreita entre o corpo e o espírito, que concorrem para a conciliação ou reintegração ao original, ao ponto onde tudo é Um. Privilegiou o amor e a verdade, construiu uma obra de ensinamento e estudo para uma futura matriz divina: a imagem de um deus conciliador, resultante de todas as religiões. De todas as suas obras, o “Credo” talvez seja um dos que mais manifesta a ligação que sentia ao divino.

 

CREDO

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes;

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o amor tem asas de ouro. Amém.