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Maçonaria - Secreta ou Discreta

 

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O Segredo em Maçonaria?

Claro que existe. Sempre existiu e sempre existirá, embora com conceitos diversos ao longo do tempo.

Mas comecemos pelo princípio, ou por outra, recuemos aos séculos XIII e XIV. Na Maçonaria operativa dessa época, as Lojas eram guildas de construção. As Lojas eram essencialmente constituídas por um Mestre, que angariava o trabalho e traçava um projecto ou plano de construção, por Companheiros que executavam o plano traçado e por Aprendizes.

O Mestre, normalmente o dono da Ofícina coadjuvado por Companheiros mais antigos (Vigilantes), organizava o trabalho, pagava aos obreiros (Companheiros) e contribuía para a formação e experiência dos Aprendizes. Vivia-se numa época em que se privilegiava o “saber ser” e o “saber saber”. Os Mestres pelo seu conhecimento conceptual e os Companheiros, ou Pedreiros livres, pessoas privilegiadas que podiam mudar de Loja e viajar livremente, eram os detentores desse conhecimento prático de construção. Quer o conhecimento conceptual, quer o conhecimento prático, não podiam ser aprendidos sem ser pela experiência.

Eram Segredos bem guardados e transmitidos de uma forma muito limitada. Eram segredos que garantiam a execução das obras e o trabalho remunerado. Por outro lado a mobilidade dos Companheiros obrigava a que se fizessem reconhecer por sinais, toques e palavras só deles conhecidos, secretos portanto, e o seu conhecimento, quando se apresentavam em Lojas diferentes, avaliado pelos seus pares e Mestres, secreto portanto.

Na “Carta de Bolonha” de 1248, onde funcionou a primeira Universidade de que há registo (1088), ou nos “Estatutos de William Schaw” (Escócia sec. XVI), muito embora se fale já de comportamento e se comecem a utilizar as Lojas para reuniões com objetivos diferentes daqueles da construção das obras angariadas, tais como regras de conduta e ética, acções solidárias e de solidariedade, modos de retribuição justos e de deveres, continua-se com um significativo secretismo relativamente à concepção da obra, do modo de a executar e dos seus intervenientes. Ainda se continua, quase exclusivamente na área do “saber saber”.

Mas esse conhecimento, tão específico dos Maçons operativos, rápidamente se espalha, se difunde pelas Universidades, tornando obsoletas as Lojas operativas e obrigando a mudar o seu objectivo, num desenvolvimento que já se podia adivinhar. Com o aparecimento das Constituições de Anderson, em 1723, os preceitos operativos tradicionais foram, aos poucos, sendo substituídos pelo consignado na referida publicação. Definitivamente a Maçonaria liberalizou os seus conceitos e incorporou regras de conduta e de ética, entrando na terceira fase do saber, o “saber estar”. Com esta evolução as Lojas passam a ser escolas de carácter e os maçons passam a trabalhar o seu “eu”, e por essa via, contribuir para a evolução da Humanidade, procurando fazer evoluir o seu carácter e as suas normas éticas, através do estudo e do conhecimento.

Salvo em estados cujo governo proíbe a Maçonaria, a necessidade de secretismo desaparece. O conhecimento da Arte da Construção é ensinado nas escolas e Universidades; Os Ritos e Rituais tornam-se conhecidos e, com eles, todas as palavras e sinais; As lendas, que lhes servem de suporte, são do domínio público; os símbolos e alegorias estão explicados em qualquer página da internet. A Maçonaria perde o seu secretismo e torna-se discreta; não divulga o nome dos seus obreiros, mantém o esoterismo dos rituais e dos símbolos, não divulga os seus trabalhos, mas não se esconde. É discreta. Mas será que se perdeu mesmo o segredo em Maçonaria? Não só o esoterismo, pela sua própria definição, contido nos rituais, nos símbolos e alegorias, na filosofia de algumas doutrinas, nos textos dos antigos livros de sabedoria, se mantém oculto, como não deve ser revelado a quem não o queira, verdadeiramente, estudar.

Assim o verdadeiro segredo em Maçonaria passou a ser individual, interior. Podemos ter, e temos, a ajuda dos nossos companheiros de percurso, o seu apoio fraterno e a sua solidariedade, o apoio do seu conhecimento e da sua experiência, mas o caminho da formação e do aperfeiçoamento do caracter será sempre um caminho solitário, de escolhas individuais e, consequentemente, secreto. Tão secreto e individual que, por vezes, até para nós próprios é uma incógnita, não havendo como o revelar. Parece pois poder-se concluir que: - A Maçonaria, como instituição, é Discreta. - Os trabalhos e estudos dos seus obreiros, em Loja, só a eles dizem respeito, são caminhos de escolha individual, não têm que ser conhecidos. Podem, eventualmente, ser considerados Secretos.

 

M.'.J.'.M.'.

Janeiro de 2023

R.’.L.’. Ars Augusta