O uso dos ∴ nas abreviaturas remonta ao tempo dos Gregos e dos Romanos. No tempo destes últimos, o seu uso tornava os textos tão ininteligíveis que o imperador Justiniano proibiu-o.
Bernard Clavel, escritor francês, refere que o uso de abreviaturas foi mais evidente em França e em países de língua francesa, como a Bélgica, a Suíça, o Haiti ou mesmo a Louisiana nos EUA.
Os Ingleses, os Escoceses, os Irlandeses e os Alemães tinham por hábito usar um só ponto para abreviar. No final do séc. XVIII, por razões de comodidade, simplificação e alguma discrição, a abreviatura maçónica com 3 pontos tornou-se mais frequente. Era frequentemente usada em Franco Maçonaria para tornar a palavra ininteligível para o leitor profano.
Com uma origem puramente Latina e Corporativa no mundo profano, os Franco Maçons usavam os ∴ na assinatura como sinal de reconhecimento. Foram muitas vezes apelidados de Irmãos 3 pontos.
É inquestionável a ligação dos 3 pontos ao número 3, número Sagrado para os Maçons, que nos remete para todo o seu enorme simbolismo em Templo: três oficiais principais numa Loja, delta Luminoso, ternário Sabedoria, Força e Beleza, triângulo maçónico, passos no 1º grau, 3 colunetas, divisa maçónica (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) etc e fora do Templo: a Santíssima Trindade, os 3 Reis Magos, as 3 Virtudes Cardinais (Fé, Esperança e Caridade), etc.
Para os autores do Dicionário da Franco Maçonaria, a origem dos 3 pontos não se encontra “nem na Companhia do Santo Sacramento, nem nos Rosa-Cruz, nem nas sociedades de construtores. Deverá sim ter tido o seu início nas Congregações Jesuítas, no tempo da Contra-Reforma (1545-1648), nomeadamente nas Congregações Marianas”. Nestas comunidades religiosas os ∴ representavam a Santíssima Trindade, enquanto que para os Franco Maçons significavam o passado, o presente e o futuro.
Alguns historiadores afirmam que os ∴ teriam sido provenientes das Irmandades de Companheiros para quem este símbolo representava o triângulo. A União de Companheiros Maçónicos conservou o uso dos ∴ em triângulo, enquanto a Federação dos Companheiros Maçónicos usou os ∴ em forma de esquadro.
De entre as múltiplas explicações possíveis, os ∴ podem ser considerados o símbolo do comportamento maçónico. Se caracterizam a assinatura, lembram-nos igualmente que todo o Maçom procura o caminho do meio.
O Maçom não se entrega à parcialidade, os 2 pontos inferiores representam as opiniões opostas, enquanto o 3º ponto atesta que superamos as oposições, positivando-as pela via do meio.
O homem nasce, vive e morre podendo estabelecer-se um paralelo com o que está inscrito nas Escrituras e nos nossos rituais: “Pede e receberás, bate à porta e ela se abrirá, procura e encontrarás”.
Como Oswald Wirth disse numa das suas obras: “A Tri-Unidade de todas as coisas é o mistério fundamental da iniciação intelectual. O Maçon que adorna a sua assinatura com ∴ num triângulo, dá a entender que sabe como trazer o Binário de volta à Unidade através do Ternário. Se realmente ele se elevou ao nível do ponto que domina os outros dois, ele não se perderá em discussões vãs, porque perceberá, sem dificuldade, a solução que surge dum debate contraditório. Julgando de cima, sem o menor preconceito e em total liberdade de espírito, falhará à luz do choque da afirmação e da negação”.
Donde podemos concluir que os ∴ são um denominador comum que permite religar tudo ao Todo, articular cada um dos elos da nossa egrégora maçónica e dar ao Todo a sua coerência, a sua Sabedoria, Força e Beleza.
O simbolismo que os ∴ maçónicos encerra permite a todos os Maçons compreenderem a importância do equilíbrio no seu caminho iniciático de aperfeiçoamento, acedendo a uma maior tomada de consciência de si mesmos e da vida e adquirindo um elevado espírito de tolerância traduzido num maior respeito pelos seus semelhantes.
R∴ L∴ Philae