Não é possível precisar a data da introdução da Maçonaria em Portugal, no entanto, terá chegado ao nosso país durante a primeira metade do século XVIII. A maçonaria moderna surgiu em Inglaterra em 1717, com a fundação da Grande Loja de Londres. Influenciada pelos ideais do iluminismo, movimento filosófico e intelectual europeu dos séculos XVII e XVIII, expandiu-se rapidamente por toda a Inglaterra, daí para França e por todo o Velho Continente, chegando a Portugal, cerca de dez anos depois.
Em 1727 terá sido fundada em Lisboa a primeira Loja maçónica em terras Lusas. Atribui-se-lhe a fundação a um inglês católico chamado William Dugood, empresário e membro da proeminente Royal Society of London. Constituída sobretudo por ingleses, predominantemente comerciantes, não contava com portugueses. Regularizada na Grande Loja de Londres em 1735, foi instalada pelo matemático e escritor George Gordon, que para tal veio a Lisboa. Trabalhou até 1755. Ficou conhecida como a “Loja dos Hereges Mercadores” por ser formada quase totalmente por protestantes.
Cerca de 1733 foi fundada em Lisboa uma segunda Loja maçónica, denominada “A Casa Real dos Pedreiros-Livres da Lusitânia”. Novamente com a intervenção de George Gordon, enviado da Grande Loja da Inglaterra, era formada maioritariamente por irlandeses católicos, incluindo ainda escoceses, ingleses e húngaros, predominantemente mercadores, mas também comerciantes, marinheiros, médicos, oficiais do exercito português, três frades dominicanos e um estalajadeiro. Foi dissolvida em 1738, quando em 28 de abril, o Papa Clemente XII publicou a Bula “In Eminenti Apostolatus Specula”, que proibia os católicos de participarem em atividades maçónicas, sob pena de excomunhão. Publicado em conformidade um edital do inquisitor-mor do Reino, Cardeal D. Nuno da Cunha e Ataíde, em setembro de 1738, constitui o primeiro momento da perseguição da Maçonaria em Portugal.
Não obstante os esforços inquisitoriais na perseguição da Maçonaria, em 1741, John Coustos, suíço naturalizado britânico, lapidário de diamantes, past-venerável de uma Loja em Paris, cria uma terceira Loja maçónica em Portugal, composta maioritariamente por estrangeiros, entre comerciantes, lapidários e outras profissões. Manteve atividade até 1743. Apesar do Papa Bento XIV ter renovado a condenação da Maçonaria através da bula Providas Romanorum, seguiu-se o período pombalino, após a subida ao trono do Rei D. José I (1750- 1777).
Sob o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal), cessaram as perseguições à maçonaria portuguesa, que se expandiu entre a aristocracia, as classes eruditas e o exército. Com a reorganização do exercito luso e a vinda de muitos oficiais de exército estrangeiros, pedreiros-livres, surgiram Lojas em muitas localidades com guardições militares, como Elvas, Olivença e Valença, com expansão para a Madeira e para os Açores. A morte de D. José I, em 24 de fevereiro de 1777, arrastou a queda do Marquês de Pombal. A subida ao trono da rainha D. Maria I (1777-1815) trouxe um novo período persecutório aos Maçons, impulsionado pela Inquisição. Mas o surto persecutório não atingiu os efeitos desejados.
Os ideais da revolução francesa que impregnam a Maçonaria abalaram as estruturas do Antigo Regime e a Maçonaria fez-se estoicamente resistir. Apos vicissitudes várias, a Maçonaria em Portugal, como estrutura organizada e independente, começaria em 1802. Um dos artífices dessa construção foi Hipólito José da Costa que negociou em Londres a carta patente que permitiu a instalação do Grande Oriente Lusitano. O juiz Sebastião José de São Paio de Melo e Castro Lusignam, neto do Marquês de Pombal, foi eleito primeiro Grão-Mestre, com o nome simbólico de Egas Moniz. Dois anos depois, em julho de 1806, foi finalizada a primeira Constituição Maçónica Portuguesa, um passo decisivo na consolidação da Ordem Maçónica em Portugal.
C.'.V.'.S.'.
R.'.L.'. Fernando Pessoa