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Maçonaria Mista Portuguesa envia 50 portáteis para a Ucrânia

Ajuda portuguesa para a Ucrânia com a oferta de 50 computadores portáteis para as crianças ucranianas que se encontram perto da zona de guerra na região de Kharkiv, sem a possibilidade de ir à escola nesta fase de grande dificuldade para a Ucrânia.

Esta ajuda portuguesa foi realizada através da Associação paramaçónica Romã Azul ligada à Grande Loja Simbólica da Lusitânia – Maçonaria Mista Portuguesa, com profundas ligações institucionais com o Grande Oriente de França que é a maior Obediência Maçónica do mundo da Maçonaria Liberal.

Breve História do Rito Escocês Antigo e Aceite

2_eagles.jpgConhecido entre os maçons pelo monograma “REAA”, o Rito Escocês Antigo e Aceite é hoje um dos rituais mais praticados no mundo. Para entender a origem dos rituais das lojas do R.·.E.·.A.·.A.·., devemos abordar duas áreas intimamente interligadas: a sua história e os “Altos Graus”, antigamente conhecidos como “graus adicionais”.

O Rito Escocês Antigo e Aceite é um Rito dentro da Maçonaria, que deriva do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia.  Enublado de mistério, há quem afirme que os Templários se refugiaram nesse país, depois de perseguições religiosas, entre os Grémios ou Lojas da classe profissional dos Pedreiros Livres aí existentes. No entanto, existe muita controvérsia sobre a influência templária no R.·.E.·.A.·.A.·., já que os estudos mais atuais afirmam que o templarismo não influenciou o rito escocês propriamente dito, tendo sim a sua origem no Rito de Perfeição ou de Heredom, com Andrew Ramsay, cavaleiro escocês que protagonizou a criação deste rito em solo francês, ocasião em que proferiu dois discursos de grande repercussão a respeito do assunto.

Relativamente aos “altos graus”, é ao longo do século XVIII que nos deparamos com as lojas azuis irlandesas a trabalhar com “graus adicionais” e comunicando-os aos seus membros. No entanto, e na maioria dos países, a separação entre os três primeiros graus (maçonaria simbólica) e os graus seguintes (maçonaria filosófica), ocorre muito mais tarde, já no século XIX, em 1813, data de extrema importância para a história da Maçonaria.

Durante a segunda metade do século XVIII, duas Grandes Lojas rivais coexistiam em Inglaterra. Uma foi fundada em 1717 e a ela se deve as ‘Constituições de Anderson’, e outra foi criada em Londres, mas em 1751. Os fundadores dessa segunda Grande Loja nunca pertenceram à Grande Loja de 1717.

Trabalhadores imigrantes irlandeses, de origens modestas, convencidos de que o seu Rito era único e autêntico, auto denominaram-se Grande Loja dos Antigos e atribuíram à sua antecessora, a Grande Loja de 1717 a designação de Grande Loja dos Modernos.

Estas duas Grandes Lojas degladiaram-se mutuamente durante mais de sessenta anos, devido às diferenças entre os respectivos rituais, não só em Inglaterra mas também nas Colónias Inglesas da América – Colónias essas que se tornaram independentes em 1776 para constituírem os Estados Unidos da América.

Estas Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia tinham relações, apenas, com a Grande Loja dos Antigos com a qual estavam de acordo ao acusarem “os Modernos” de não respeitarem os Landmarks. Foram estas duas Grandes Lojas rivais que se uniram e fundaram a atual Grande Loja Unida de Inglaterra.

O Tratado de União foi assinado em Londres, a 25 de novembro de 1813 e ratificado ao som de charamelas e de trombetas a 27 de Dezembro desse mesmo ano.

E no artigo 2 deste Tratado pode ler-se que:

  • a “pura maçonaria antiga consiste em três graus e não mais, aprendiz, companheiro e mestre, incluindo a Suprema Ordem do Arco Real.

Fórmula admirável ilustrando o senso de compromisso e a falta de lógica britânica: existem apenas três graus … que, afinal, são quatro… Porque, para a Grande Loja dos Antigos, a de 1751, a Maçonaria incluía não três, mas quatro graus, sendo o quarto, o Royal Arch.

 

O século XVIII em França

Desde 1728 ou 1729 que existia a primeira Grande Loja de França cuja data de fundação, desconhecemos. A Maçonaria francesa também se encontrava dividida. Em 1773, a maioria das lojas decidiu que os Veneráveis passariam a ser eleitos, enquanto que antes, pelo menos em Paris, os cargos de veneráveis mestres eram “Ad vitu”, isto é, vitalícios.

Uma minoria recusou esta nova disposição e sobreviveu como o Grande Oriente de Clermont. A maioria assumiu o nome de Grande Oriente de França, Obediência que ainda existe nos dias de hoje e é a maior, mais antiga e mais importante Obediência da Maçonaria Liberal Universal.

Distintamente de Inglaterra, foi a questão administrativa da eleição do Venerável de Loja e não uma questão de ritual, o que separou as duas Grandes Obediências de França.

Em 1782, num período que antecedeu a Revolução Francesa, o Grande Oriente da França criou uma Câmara de Administração de Altos Graus que enviou às suas lojas, o texto dos rituais com os quais concordava e que deveriam ser adoptados e usados em trabalho. A união das duas Grandes Lojas francesas foi alcançada em 1799, mas de duração efémera, porque durou apenas cinco anos.Para entendermos os motivos, precisamos voltar aos graus adicionais e à fundação do Supremo Conselho de França em 1804.

O século XVIII do outro lado do Atlântico

 No século XVIII quando um Maçom recebia um grau adicional, tinha o direito de o transmitir a outro irmão. Na Europa, estes graus não estavam ainda constituídos nem em rito ou sistema, e nem estavam sob nenhuma autoridade nacional, com possibilidade de controlar a sua evolução e progressão, com exceção do Grão Priorado da Helvetia, fundado em 1779.

Um comerciante francês, nascido em Cahors por volta de 1717, Étienne Morin, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da Maçonaria em Bordeaux. Viajava frequentemente entre França e Santo Domingo, naquela época Colónia Francesa e, recebeu em Paris em 1761, uma carta patente, constitutiva, que lhe conferia o direito de atribuir os “graus sublimes” então conhecidos da primeira Grande Loja da França.

Chegado a Santo Domingo, auferiu grandes lucros e ganhou muito dinheiro; com uma inteligência notável foi acrescentando outros graus e fundou na Jamaica em 1769, um Capítulo com um total de vinte e cinco graus e a que chamou “Ordem do Real Segredo.” Étienne Morin morreu na Jamaica, em Novembro de 1771.

A “Ordem do Real Segredo” foi levada para a América do Norte pelo seu braço direito, Henry Andrew Francken que, por ali e durante várias décadas prosperou, vendendo graus, apesar de ser completamente desconhecido na Europa daquela época.

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Após a guerra pela independência americana ao longo de seis anos, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América foi redigida em 4 de Julho de 1776, em Filadélfia. Em junho 1781 realizou-se uma reunião no mesmo local, onde foram nomeados os Grandes Inspetores para supervisionar a “Ordem do Real Segredo” em diversos estados norte-americanos.

Quando os negros revoltados expulsaram de Santo Domingo os colonizadores franceses, muitos desses Colonos refugiaram-se na Carolina do Sul, em Charleston. Este pequeno porto na costa leste tinha, então, 16.000 habitantes, dos quais, um terço, negros. Ali existiam, como em Inglaterra, duas Grandes Lojas rivais: os Antigos e os Modernos.

Havia, igualmente, desde 1783 uma Loja de Perfeição e, desde 1788 um Grande Conselho de Príncipes de Jerusalém e um Consistório de Príncipes do Real Segredo, tendo sido também fundados, um pouco mais tarde, um Capítulo da Rosa Cruz de acordo com o rito do Grande Oriente da França e um Capítulo da Ordem Real da Escócia.

O Conde de Grasse-Tilly

Conde_Grasse-Tilly.jpg   Entre os refugiados franceses em Charleston em 1793 estava um francês 28 anos, o Conde de Grasse-Tilly, cujo pai, o almirante de Grasse havia ajudado os americanos durante a Guerra da Independência.

  Com seu padrasto, Jean Baptiste Marie Delahogue, o Conde de Grasse fundou em Charleston, em 24 de Julho de 1796 uma loja independente, La Candeur, que apenas se viria a filiar na Grande Loja do Estado da Carolina do Sul (dos Modernos) em Janeiro de 1796.

  No mês de Novembro seguinte, chegaria a Charleston um médico, oriundo da Jamaica, Hyman Isaac Long, Inspector Geral da Ordem do Real Segredo, que tinha consigo um caderno dos vinte e cinco graus do rito. Muito doente, perto da morte e arruinado, a loja La Candeur ajudou-o financeiramente.Para mostrar sua gratidão, Long conferiu os graus do rito a alguns membros da loja La Candeur, nomeando-os Inspetores Gerais Adjuntos e criou, sob a sua autoridade, uma “loja” de Cavaleiros Kadosh.

  Ao que se sabe, terá sido essa “loja” que se veio a transformar no Conselho de Príncipes do Real Segredo, após a morte de Long. A 4 de Agosto de 1799, Grasse-Tilly demitiu-se da loja La Candeur e fundou uma nova loja, La Reunion Française sob os auspícios da Grande Loja dos Antigos.

  Esta era, de longe, a loja mais numerosa da Carolina do Sul, a que pertenciam os membros dos “Altos Graus” de Charleston, incluindo os Príncipes do Real Segredo, cujo Consistório tinha sido, anteriormente, fundado sob a autoridade de Filadélfia. É muito provável que, dissensões e discussões fraturantes tenham ocorrido entre Grasse-Tilly e Delahogue mas, desses assuntos nada sabemos.

O Primeiro Supremo Conselho

 O que se sabe é que em 1 de Janeiro de 1803, o Supremo Conselho dos Estados Unidos anunciou sua criação de 31 de Maio de 1801, em Charleston por meio de uma circular enviada a nível mundial.

Essa Circular listava os 33 graus de seu rito, sob a autoridade de seus Soberanos Grandes Inspetores Gerais, e afirmava que a Grande Constituição do grau 33 tinha sido ratificada em 1 de Maio de 1786 por Frederico II, rei da Prússia, então “Grande Comandante da Ordem do Real Segredo”.

Grasse-Tilly e Delahogue eram membros desse Supremo Conselho que lhes forneceu credenciais em 21 de Fevereiro de 1802. Graças a essas credenciais e ao retornar a Paris em 1804, Grasse-Tilly criou ali o Supremo Conselho da França.

Imediatamente, algumas lojas ditas “escocesas”, que não reconheciam a autoridade do Grande Oriente da França, colocaram-se sob a sua autoridade. Em Outubro desse ano, essas Lojas constituíram-se numa Grande Loja Escocesa que se reuniu apenas seis vezes. Por meio de uma Concordata assinada com o Grande Oriente de França, em Dezembro desse ano, essa Grande Loja desapareceu.

E é no texto dessa Concordata que aparece pela primeira vez a expressão “Rito Escocês Antigo e Aceite”, expressão que permaneceu ignorada por muito tempo nos Estados Unidos da América. A Concordata foi denunciada e o Supremo Conselho da França criou lojas azuis sob a sua autoridade.

Mas era preciso distinguir o Rito que essas lojas viriam a utilizar nos graus simbólicos e, para alcançar esse objectivo, as Lojas adotaram o rito da Grande Loja dos Antigos, que franceses regressados da América, tinham praticado, com ligeiras alterações.

Basta comparar as primeiras divulgações inglesas de 1760, “Three Distinct Knocks” e “Jachin and Boax”, com os rituais dessas lojas para encontrar as semelhanças e muitas vezes até, uma perfeita sobreposição e identidade.

Antigos e Modernos, a eterna rivalidade

O Grande Secretário dos Antigos, o pintor irlandês Laurence Dermott publicou em 1764 a segunda edição do seu Aimã Rezon, livro que é para a Grande Loja o que as Constituições de Anderson são para os Modernos. E foi assim, desta forma que a Maçonaria especulativa no século XVIII criou o Rito Escocês Antigo e Aceite! Ora, nos séculos XIX, XX e XXI o Rito Escocês Antigo e Aceite tornou-se no Rito mais praticado pelos Maçons em todo o Mundo.

Ahiman_Rezon_1756.gif

A Grande Loja Simbólica da Lusitânia trabalha com Carta Patente para o Rito Escocês Antigo e Aceite, emitidas pelo Grande Oriente de França e tem já a operar a Oriente de Oeiras a R.·.L.·.Fernando Pessoa, R.·.L.·.Ars Augusta, R.·.L.·. Aristides de Sousa Mendes; a Oriente de Coimbra a R.·.L.·.Seara Nova, a Oriente de Viseu a R.·.L.·. 31 de Janeiro, a Oriente de Leiria a R.·.L.·. Isabel de Aragão e a Oriente de Faro a R.·.L.·.Argo, anunciando-se para muito breve, outras Lojas do Rito Escocês Antigo e Aceite, por todo o País. Poderá consultar mais informações sobre as nossas Lojas aqui.