O encontro e compreensão do silêncio é uma realidade pessoal e intransmissível de variadíssimos contornos e resultados ímpares.
No âmbito que nos ocupa, ou seja, na tentativa de explorar o significado do silêncio do Aprendiz no âmbito da ritualística maçónica, recorda-se que ancestralmente em todas as sociedades tradicionais existiram rituais ou ritos de iniciação, fossem religiosas, tribais ou de outra natureza, em que o silêncio era um dos elementos mais significativos, mesmo na Antiguidade, nos Centros de Mistérios, os iniciados recebiam o nome Mistae ou seja: “aquele que silencia os próprios sentidos”.
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A evolução tem vindo, todavia, a acentuar outra vertente do silêncio que consideramos ainda mais relevante e essencial que é a que aponta o silêncio como “(…) um veículo de aprendizagem, de interiorização, observação e ponderação, que é próprio de um trabalho interno de autoconhecimento (…)”
Paralelamente, no caso específico do Aprendiz constitui uma proteção para quem está a começar a dar os primeiros passos nos mistérios e simbologia da Ordem, reforçando a liberdade de não ter de responder e em sossego interno, poder ir apreendendo o significado subliminar dos rituais, símbolos, palavras e tudo mais que lhe é permitido observar e partilhar.
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Vamos percebendo a inutilidade da tirania do ego e saboreando a deliciosa experiência do todo. Vamos entendendo, celularmente que o importante é:
"Que os que têm ouvidos escutem, que os seus olhos vejam, e que a sua Alma compreenda"
“O silêncio vem ao encontro do ser quando este se volta para o interior de si mesmo. (…) Pelo silêncio, vibrações supramentais permeiam a vida externa. Do silêncio emerge a compreensão e, com ela, a diligência para o serviço. (…) Fonte de sabedoria, nele está a paz e o poder da transcendência. O silêncio cura, regenera, transforma, transmuta e eleva. Manifesta-se na ação e no recolhimento. (…) Nele a consciência vincula-se á Fonte da Vida e a nada mais”.
Disse.
M. H. Pimenta, A.'.M.'.
Outubro 2020