Esparta, ou Lacedemónia, foi uma proeminente cidade da Grécia Antiga, situada nas margens do rio Eurotas, no sudoeste do Peloponeso.
A educação, que recebia o nome de “agogê”, estava concentrada nas mãos do Estado, sendo uma responsabilidade obrigatória do governo. O primado da austeridade, civismo, disciplina, rigor, formação nas artes militares, pudor, decencia, discreção, coletividade e sentimento patriótico eram incutidos nos jovens desde tenra idade. Desde os 7 anos, os jovens eram retirados à família e colocados sob a orientação de um supervisor, o “pedonomo”, era-lhes rapada a cabeça, e eram abandonados em penhascos, tendo de percorrer regiões inóspitas, sempre descalços e só com um tipo de roupa por ano, dormindo em colchões de junco que eles próprios faziam com as folhas da planta que retiravam do rio Eurotas. Para sobreviverem, roubavam comida, e atacavam os escravos (hilotas) para se treinarem na arte da guerra.
Estes ensinamentos tinham por base tornar os Espartanos sublimes sobreviventes em tempos de constantes invasões e combates. Todo o comportamento que mostrasse fraqueza, falta de resiliencia e dificuldade na arte da sobrevivencia era severamente punido (por ex. os que se deixassem apanhar a roubar comida, eram fustigados pelos outros rapazes).
Aos 18 anos voltavam a Esparta e, até aos 30 anos, eram considerados cidadãos de segunda classe, sem direito a voto. Assim, continuavam até aos 30 anos a ser submetidos a diversas provas de dureza extrema, sob a orientação dum “chefe de patrulha”. Estes exercícios de máxima endurance, que eram uma espécie de longo caminho iniciático, culminavam na “Krypta”, prova última do “agogé”, reservada a um número restrito de Espartanos.
Segundo as Leis de Platão, as últimas provas de resistencia à dor, ao frio, à fome, às constantes cenas de pugilato, à execução das atividades domésticas (não tinham criados), ao cansaço e à morte de vários escravos, seriam superadas só por alguns, consagrando o princípio da Lei do mais forte.
Todos aspiravam a ser os melhores soldados para se poderem tornar Hippeis, ou seja, a 2ª classe social mais alta (das 4 que existiam)e poderem ser oficiais da Guarda Real e receber um bom salário.
A educação das raparigas em Esparta focava-se em torná-las Mães, capazes de ter filhos saudáveis e robustos, futuros soldados ou futuras Mães.
Mantêm-se sempre junto da família e aprendem música, nas vertentes de canto e instrumentos, dança, poesia, havendo relatos de algumas que, na época clássica, sabiam ler e escrever. Plutarco refere as cartas enviadas pelas Mães aos filhos que estavam na guerra.
Recebiam também educação física nomeadamente praticando luta, corrida, lançamento do disco, havendo inclusivé algumas que frequentavam treinos algo semelhantes aos dos rapazes, sempre com o intuito de se tornarem mais fortes e defenderem a sua cidade contra eventuais ataques.
Em jeito de conclusão, vemos que estes princípios veiculados na Escola de Esparta muitos anos antes de Cristo foram adotados, com as devidas adaptações, ao longo dos séculos.
Em algumas sociedades atuais, o princípio da “Lei do Mais Forte” ainda vigora, no intuito de incutir nos mais jovens a necessidade de aprenderem a superar os inúmeros obstáculos que se irão deparar ao longo das suas vidas.
E é curioso verificarmos que ainda hoje usamos o termo “espartano” para alguem que vive com pouco e é rígido nos seus princípios, sobretudo no que toca à educação.
Serkhet