Há pelo menos 3 coisas na vida que nunca se perdem ou esquecem. O vigor da palavra, a sensação do perfume mais querido e a música que mais nos toca no coração.
A música crava um conceito numa caminhada em contraciclo à ampulheta vertiginosa de que se faz hoje o tempo no mundo. "O mundo vive um momento material e eu preciso de abrigar-me numa espiritualidade”.
Sartre dizia que o que resgata a humanidade ao túmulo da efemeridade é a palavra. O que fica escrito, escrito está. E o que está escrito, à sua maneira, é eterno. Podemos dizer que a música é na maioria das vezes o embelezamento das palavras. A música é também a arte dos números em movimento.
Embora não haja qualquer evidência de que este poema tenha sido de um poeta Maçom, a verdade é que pela intensidade da letra e do poema poderia sê-lo…
“… E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu Irmão, amigo, és meu Irmão.”
Ary dos Santos, in “As Palavras das Cantigas”
A música é uma das sete artes liberais. Procede do vocábulo do grego “musa” que significa inspiração, poesia, harmonia e encanto. A música tem o dom de preparar o ambiente, para meditação, para o culto espiritual.
A música, simbolizando a harmonia do mundo e especialmente a que deve existir entre os maçons. Através da beleza dos sons e da harmonia dos ritmos chega-se à sabedoria do silêncio.
Em todas as civilizações, a música tem um papel importante nos atos mais relevantes, onde exerce um papel mediador entre o diferenciado e o indiferenciado, ou entre o intelectual e o espiritual. Por isso tem especial importância nas cerimónias ritualísticas, dada a sua capacidade de promover as emoções. Exemplo, o Hino da Alegria de Beethoven, oficialmente adotado pelo Conselho da Europa. Geralmente é tocado sem letra, pois a música é uma linguagem universal e, per se, obtém o mesmo efeito como fosse cantada. O hino expressa os ideais de liberdade, paz, solidariedade e fraternidade, ambicionados pelo continente europeu e suas instituições como um todo. A Maçonaria expressa também esses mesmos ideais.
A melodia maçónica deve ser aquela que induza o maçom a entrar dentro de SI, elevando a uma reflexão de seu EU, e não a uma música que faça com que seu pensamento saia de si para ir ao ambiente da qual costuma ser tocada. A música mexe no comportamento do SER. Portanto, em loja, a Harmonia deve ser sensível ao conhecimento ao ser executada.
A música representa o equilíbrio e a ordem; é uma linguagem universal. Todo o universo é som, que por sua vez é matéria e espírito. É o traço de união entre os povos.
Já, na Maçonaria, a música é um preceito ritual. Os rituais recomendam que haja música durante a realização das sessões maçónicas, para que o espírito fique mais apto a captar a atmosfera esotérica das reuniões.
Embora sejam tão antigas quanto a Arte Real, as relações entre música e maçonaria permanecem misteriosas, quase indescritíveis. Como os nossos rituais, a música fala ao coração e convida-nos, a cada um, com nossa própria sensibilidade, a ouvir profundamente dentro de nós mesmos o murmúrio secreto da alma humana.
JM∴
Resp∴ Loj∴ Nur∴, Or∴ Castelo Branco