O número de maçons está a crescer em Portugal?
Está a crescer muito sustentadamente. Pode dizer-se que nos últimos dez anos duplicou o número de membros do Grande Oriente Lusitano (GOL), a obediência liberal (admite membros ateus e agnósticos) que está a crescer mais, que já era a maior e mais antiga, e continua a crescer, num ritmo que anda à volta de 5% ao ano.
Quantos membros tem o Grande Oriente Lusitano?
Entre mil e dois mil. Há maçons regulares que estão a regressar ao GOL. Tem sido um movimento contínuo e regular nos últimos anos, é verdade.
É por convite que se entra na Maçonaria?
Em regra geral, sim, mas não obrigatoriamente. Quem não tenha contactos e conhecimentos dentro do GOL pode na mesma apresentar a sua candidatura, que será alvo do mesmo nível de escrutínio de qualquer outra candidatura, mesmo que venha de membro do GOL.
De que consta esse escrutínio?
São os valores do candidato em relação aos motivos que o levam a pretender entrar na Maçonaria. É inquirido sobre o seu passado, tem de ser bem escrutinado, somos muito selectivos. Queremos crescer, mas em qualidade.
Há candidatos jovens?
Cada vez mais, nos últimos anos isso é visível.
Há explicação para esse facto?
Nos últimos dez anos aquela sedução para grandes ideologias, que tudo pretendiam explicar desde o origem do mundo até ao fim da história, tem vindo a desaparecer. Portanto, a Maçonaria vem preencher um certo vazio espiritual, um certo vazio de valores e de concepções do mundo que se foi criando na última década.
Que sectores da sociedade procura a Maçonaria?
Profissionais liberais e universitários. Mas não exclusivamente, nem queremos colocar barreiras de carácter social ou cultural.
A Maçonaria é uma sociedade elitista?
Sim, no bom sentido da palavra. Não no sentido de aristocracia orgulhosa e arrogante, mas no sentido de uma elite de carácter moral e cívico. Isso sem dúvida.
Faz algum sentido uma sociedade secreta, ou se se quiser discreta, em plena democracia?
Mesmo em democracia, particularmente aqui em Portugal, a condição de maçon pode originar perseguições, incompreensões e prejuízos da vida profissional.
Ainda hoje?
Ainda hoje, infelizmente. Vivemos décadas de ditadura, a própria Igreja Católica durante séculos acabou por criar na sociedade uma imagem da Maçonaria completamente deformada, como se fosse uma seita apostada na conquista do poder por meios ilícitos, de uma seita que pretendia simplesmente destruir as religiões, o que não é verdade. Fazemos questão em ter crentes de diferentes religiões, para além de ateus e agnósticos.