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Os Macons não querem tomar o poder

Ao fim de 10 anos, um dos chefes maçónicos de Portugal vai abandonar o cargo. Vai haver festa em Lisboa.

Chamam-lhe o “Patriarca”, em atenção, sem duvida, às suas barbas e cabelos brancos. Está na maçonaria desde antes do 25 de Abril e , para um “profano” (assim de designa que não é “Maçon”) só o nome do seu cargo revela todo um mundo desconhecido: Soberano Grande Comendador do Supremo Concelho do Grau 33 em Portugal! É uma espécie de máximo responsável da “Universalidade maçónica”, que é uma coisa diferente de ser Grão-Mestre, que é uma autoridade maçónica do Pais. Complicado?

José Carlos Nogueira, 67 anos, empresário reformado e psicólogo, eleito há 10 anos, abandonará o cargo daqui a uma semana, no decorrer de uma cerimónia “branca” (com presença de profanos convidados) durante a qual investirá o sucessor: Agostinho Garcia, gestor de 64 anos que já era o seu “numero dois” e cuja principal característica é, segundo dizem, a descrição. Maçon, em suma.

A festa , no próximo fim-de-semana, vai trazer pela primeira vez a Lisboa, sete dezenas de “Irmãos” dos mais altos graus maçónicos, vindos pelo menos de 30 países. E marcado está também para Portugal o congresso mundial da Maçonaria, em 2015. Será a reunião de todos os Supremos Concelhos, cujos membros (do grau 33, o mais elevado) dirigem a “obediência” e inspeccionam as lojas.

José Carlos Nogueira representa apenas umas das “obediências” maçónicas em Portugal, a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP (o R é de regular), uma dissidência oficializada em 1991 do Grande Oriente Lusitano (GOL). Entre os vários ritos e tradições diz-se que haverá cerca de 3000 ”Maçons”, alguns no Governo ou outros postos de responsabilidade. É verdade? Diz o “militante maçónico” José Carlos Nogueira: “Não posso dizer que sim, mas penso que sim”. É sim.

Rejeita todavia a ideia de que a maçonaria é uma fonte de poder e defende que ela é “uma escola”. Lança farpa ao GOL, censurando-o por “assumir um papel politico demasiado activo”. Esclareça-se que ele próprio já foi membro de uma Comissão Nacional e da Comissão Directiva do PS no pós 25 de Abril, mas hoje é um militante de base.

Seja como for, conforme diz, “um bom Maçon reflecte as preocupações de intervenção social da Maçonaria e defende as suas ideias, onde quer que esteja”. Uma agenda secreta, então? Não, “a perspectiva não é a tomada de poder”, embora um Maçon “tenha a obrigaçºao de ajudar os governos”. Até porque, “a maçonaria é sempre uma maneira expedita de resolver problemas” e mais ainda ao reunir transversalmente “Irmãos” de várias confissões religiosas e credos políticos em vários países.

Exemplos? Timor. Um lobi de “Maçons” Portugueses ajudou Ramos Horta a remover não poucos obstáculos e a rede de contactos internacionais que a maçonaria proporciona tem valido em várias situações, percebe-se. Como Soberano Grande Comendador, virou a sua acção para o desenvolvimento da maçonaria em Africa, em particular nos PALOP, todavia ainda “sem massa critica” para instituir uma Grande Loja (pelo menos 35 membros). E criou o primeiro Supremo Concelho negro, no Togo.

“Individuo preocupado com o mundo à sua volta”, José Carlos Nogurira lança o alerta para o que é a sua grande inquietação: o ambiente e as suas alterações climáticas. “O homem está em guerra com o planteta e ele responde-nos dando cabo de nós. O capitalismo atingiu o zénite ao querer transformar a comida em combustíveis. É um crime”. O estado da Europa preocupa-o: “À beira de uma viragem, se não dramática, pelo menos profunda”.

Quanto a Portugal, “desiludido com a politica” embora, não deixa de avisar que “é precisiso estar atento a Manuela Ferreira Leite ou a Santana Lopes”. Já Sócrates merece-lhe um grande elogio: “É profundamente democrático”.